quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

(F)agulha

Dentro de ti
Minha noite quis além
E obrigada a amanhecer
Se fez vazia a imensidão
Dos toques de cada ponta de dedo
Que geram faísca, inquietação
Não?

Que quer de mim agora
Essa dor pontiaguda
De tanto vai-e-vem?
Que quando não finca, apaga
É terra dum ninguém
De novo de mudança
Entre suas tantas andanças

Coloca ali, encaixa lá
Distribui cada grão
Carimba todo passo em falso
Cria raíz nesse chão
Só o que satisfaz prum impulso
De devorar cada ensejo
E pôr mais agulha na mão.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Embriaguez

Vem dançar na chuva
Vem doer a tristeza desse amor
Que devia sempre mais amar
Mas, de bar em bar
Se embebedou
Apagou
E fez questão de não lembrar.

Vem dançar na chuva
Vem fazer bater meu coração
E ser o mais amor de outra história
Ser o capitão da embarcação
Que feliz ou triste
Tanto chora
De tudo que escorre pelas mãos.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Degustação

Quando lágrimas se confundem
Com as lágrimas do chuveiro
E o sal em tua boca
Faz do ralo grande saleiro,
Salga-pés
De corpo adocicado
Ácido nó a ser desatado.
Lúcido gosto de vida
Desamarguramor
Armar coragem
Amparar torpor
amedrontado.

Calado.
Infiltrado calor
Percorre caminho
Saboreando a mistura
Dos pares de pés salgados
Aos corpos doces entrelaçados..
Pelas gotas escorridas
do mundo
do fundo, já tão grande mar
Do escuro, a cura no silenciar
Toda luz que passeia, banhada
Rearranja, no olhar reflete: morada.