Copo d'água

Mergulhei num copo d'água
E alguém bebeu de mim.
Embebida de outros lábios
Meu gosto, só, goteira
Na pequena imensidão, vidrada
Que teus dedos, finos, firmam
Levam pra vidamada.

Andarilho

Sabe quando da vontade de andar? Só andar?
Dizer que é sem rumo soa dramático demais. Realmente, é só andar..
Sem pressa de chegar a algum lugar. Sem perguntas nem respostas. Sem certezas, dúvidas, culpas..
Só você e o amor dentro do peito, na batida do coração..
e cada cheiro, imagem, som..
cada contramão..
andar.
Viver cada oscilação de solo
de vento
de si..
Andar..
E deixar que os olhos vibrem do pairar sobre as cores impressas do mundo, na pele.
Andar com confiança de que cada passo vai te levar, exatamente, onde você precisar ir..
E aí, quem sabe, você possa chegar. ...
Com a convicção de que suas andanças não cessaram mas que, mesmo com cada pegada nova, cada pincelada de cor, bela, as cores que se misturaram, pulsam sempre em você
com você
em cada sagrado movimento.

Amor de Índio - versão: Maria Gadu